Artigos Técnicos
Hoje é celebrado o Dia Internacional da Mulher, e como em toda parte do mundo, há muitos motivos para homenageá-las. E na Medicina Veterinária isso também acontece, pois cada vez mais as mulheres têm se destacado em ambientes que no passado eram preferencialmente masculinos. Uma dessas constatações se dá por meio de divulgação do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), mostrando que hoje o Brasil dos 148.037 médicos-veterinários atuantes no Sistema Conselho Federal e Regionais de Medicina Veterinária (CFMV/CRMVs), 53% são mulheres (79.858), enquanto entre os 9.204 zootecnistas atuantes, o público feminino ocupa 32% do mercado. Hoje, 144 mulheres ocupam cadeiras nas diretorias e conselhos deliberativos no sistema, cenário inimaginável há dez anos. Dessas, sete são presidentes de regionais.
E entre os estados brasileiros, o Rio de Janeiro é o que possui atualmente maior número proporcional de mulheres médicas veterinárias, totalizando 7.505 o que representa 62,23% de todos os profissionais do estado.
Essa mudança de paradigma pode ser atribuída à forte representação feminina nas universidades, onde é perceptível a crescente quantidade de mulheres que desejam seguir carreira na Medicina Veterinária.
Atualmente, mulheres ainda lutam para conquistar o seu espaço e exercer os seus direitos de maneira igual e justa. No campo da medicina veterinária não é diferente, como recorda Lucia Helena Alberti Garrido, médica-veterinária e professora da Faculdade Qualittas no curso de Dermatologia Veterinária e Serviço Especializado em Dermatologia Veterinária, que relata já ter sofrido preconceito no início da carreira. “Na época da faculdade, há 29 anos, existia um certo preconceito com mulheres veterinárias que preferissem tratar dentro da parte da produção animal. Era uma área dominada pelos homens”, conta Lucia.
De família de mulheres guerreiras, Lucia caminhou em busca dos seus sonhos e voltou-se para a área de clínica de pequenos animais, onde se encontrou profissionalmente. Fez especialização em Dermatologia Veterinária pela USP, em 2004, e, seis anos depois, se especializou em Dermatologia Veterinária pela Universidade de Luxemburgo.
Ao lado do esposo, Luiz Fernando Garrido, também médico-veterinário e professor da Faculdade Qualittas, Lucia compartilha o amor do filho Rodrigo, assim como as tarefas do lar e da carreira, segredo da bela união. “Sou realizada como profissional, mãe e esposa. Deus me proporcionou um esposo mega compreensivo, ele entende minha ausência devido à profissão, assim como nos deu um filho maravilhoso e também compreensível com nosso estilo de vida, que é maluca e corrida”, comenta. Rodrigo nasceu logo após abertura da clínica veterinária do casal, em Jaguariúna, e foi criado neste ritmo. “Falo que minha profissão é leve onde você só recebe amor dos animais. Mas exige muita dedicação e abrir mão da nossa vida, assim como os médicos da medicina humana. Você tem que amar o que faz”, diz Lucia, que considera a flexibilidade da mulher sua grande alavanca no mercado, isso para todas as áreas. “Faço parte desse time de mulheres fortes, que fazem o que quer. Eu e meu marido somos um dupla, trabalhamos em conjunto para tudo dar certo, tanto profissional quando pessoal, temos tarefas divididas em casa também, um ajudando o outro, sempre em tudo
A mulher conseguiu seu espaço pois é um ser flexível e consegue fazer de tudo, diferente do homem. É uma boa profissional, boa esposa, boa mãe, boa amiga, boa dona de casa. Basta ela querer e estar aberta para isso”, completa Lucia. “Em muitas famílias, o chefe da casa é a mulher. Quando ela percebeu que não precisava de um homem para mantê-la e que era capaz de trabalhar ela conquista aquilo o que quiser, em qualquer profissão”, finaliza a profissional e exemplo de mulher.
Saiba mais
Hoje é comemorado o Dia Internacional da Mulher, data marcada por muitas lutas em busca de igualdade. Em 8 de março de 1910, uma conferência internacional feminina sediada na Dinamarca discutiu assuntos de interesse das mulheres e decidiu que a data seria uma homenagem às operárias de uma fábrica têxtil que foram queimadas vivas após uma manifestação por melhores condições de trabalho, diminuição da carga horária de 16 para 10 horas e salários iguais aos dos homens.
Registros indicam que a primeira mulher a se diplomar em medicina veterinária foi Nair Eugenia Lobo, que formou-se em 1929 pela Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro.
Em São Paulo, a primeira médica veterinária graduada foi Virginie Buff D’Apice, no ano de 1930. Formada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo, Virginie foi professora e diretora técnica da biblioteca da FMVZ-USP, elaborou o primeiro projeto do Código de Deontologia e Ética Profissional – o qual foi apresentado no V Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária na cidade de São Paulo e, 1950 – e foi fundadora e primeira presidente da “International Women Auxiliary to the Veterinary Profession” e da “Associação Brasileira das Senhoras dos Médicos Veterinários”.