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Biosseguridade e cuidados sanitários na produção animal

Pesquisadores explicam como a saúde humana e a animal estão fortemente relacionadas

Postado em abril 27, 2020 as 9:06 pm por Minha Cliente
A pesquisa agropecuária lembra aos produtores a importância da biosseguridade- nas questões sanitárias e na produção animal
A pesquisa agropecuária lembra aos produtores a importância da biosseguridade- nas questões sanitárias e na produção animal (Foto: iStock).

A principal orientação dada pela Embrapa, neste momento, é manutenção da biosseguridade.

Por isso, para combater, ou ao menos desacelerar, a pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2, os especialistas recomendam a observação de cuidados sanitários também na produção animal.

Nesse sentido, aspectos como rotina de limpeza, desinfecção de ambientes e os hábitos de higiene pessoal, como uso de roupas e equipamentos de proteção individual, devem ser levados em consideração.

Isso porque o setor de produção animal é uma atividade essencial e, portanto, não pode parar.

“A biosseguridade tem papel fundamental na proteção de rebanhos, granjas e propriedades rurais porque evita a entrada e disseminação de agentes infecciosos e que trazem prejuízos enormes, sejam de ordem de saúde ou econômica”, explica a pesquisadora e chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, Janice Zanella.

 

O histórico de doenças

Em menos de 15 anos, algumas doenças importantes já ameaçaram a produção animal no mundo.

Elas também exigiram dos produtores a adoção de medidas de biosseguridade para controle, erradicação e proteção de seus rebanhos. Isso porque a maioria das enfermidades foi causada por vírus, alguns zoonóticos (transmissíveis entre humanos e animais), outros não.

É o caso da gripe aviária, causada pelo vírus da influenza aviária em 2005, e a gripe suína, em 2009.

Outro vírus da família Coronaviridae, que também trouxeram perdas econômicas grandes à produção animal é o da PED (Diarreia Epidêmica dos Suínos) e a TGE (Gastrenterite Transmissível).

“Ambos acometem apenas suínos, nos quais causam doenças altamente contagiosas que provocam perdas por mortalidade e de desempenho”, explica o virologista da Embrapa, Luizinho Caron.

 

 

Biosseguridade tem protegido o Brasil

Diferentemente de outros vírus, a PED não teve grande impacto dentro das fronteiras brasileiras.

Ao contrário do que ocorreu em países vizinhos como Peru e Colômbia, na época.

Isso se deve, principalmente, ao nível de biosseguridade das propriedades, que manteve o plantel de suínos protegido, colocando em prática medidas para garantir a saúde dos animais.

“Como não há vacina disponível para a doença, a proteção do rebanho precisa estar focada em ações de biossegurança e prevenção. Higiene, limpeza das instalações e controle na circulação de pessoas e veículos são ações básicas para minimizar o risco da doença”, enfatiza a pesquisadora Janice Zanella.

Essa prática também deve ser constante, não somente em momentos de surto.

“Uma boa biossegurança deve ser realizada o tempo todo para garantir a proteção da suinocultura, da economia, da indústria e da sociedade brasileira”. Além disso, cada granja deve estabelecer seus próprios procedimentos, identificando os principais pontos de risco, nos quais o cuidado deve ser ainda maior.

Além disso, para os pesquisadores, a biosseguridade é o pilar mais importante da cadeia produtiva.

 

O crescimento das zoonoses

De acordo com a pesquisadora, 75% das doenças emergentes e reemergentes do último século são zoonoses. Ou seja, doenças de origem animal que além de causarem fatalidades, afetam a economia.

“Os seres humanos sempre dependeram de animais para alimentação, transporte, trabalho e companhia. Entretanto, eles podem ser fontes de doenças infecciosas causadas por vírus, bactérias e parasitas, que passam para os humanos”, enfatiza Zanella. Ela também explica que os vírus podem sofrer mutações ou modificações quando encontram um hospedeiro humano.

Outro exemplo dessa evolução dos vírus, segundo Janice, foi o SARS 1, em 2002, identificado na China.

“Especialistas verificaram a necessidade de fechar cidades. Ele era um vírus sem muita transmissibilidade, mas com grande mortalidade. Depois, no Oriente Médio, o hospedeiro era o camelo, com o MERS, também da família dos coronavírus, com taxa de mortalidade em torno de 30%”.

Para pesquisadora, o aumento populacional é um dos principais fatores dessas zoonoses.

“O aumento da população, aliado à urbanização das cidades, provoca uma densidade concentrada  que vai impactando vários setores: comércio, globalização, viagem, mudanças de clima e alterações do habitat”.

 

Como enfrentar essas crises?

O país deve ficar alerta e manter o alto nível de segurança em sua indústria de proteína animal.

“No Brasil, a inspeção é rigorosa e eficiente, sendo um sistema modelo para o mundo”.

Zanella enfatiza ainda que prever o surgimento ou volta de epidemias não é algo fácil.

Para ela, o ponto-chave, portanto, é a prevenção e a identificação de patógenos em animais, respondendo rapidamente antes que a doença se torne uma ameaça à população humana. Além disso, o trabalho deve ser coordenado entre vários atores da sociedade e do poder público.

“É preciso investir e valorizar a biosseguridade”.

Por fim, manter-se livre das doenças na produção também poderá significar uma ótima oportunidade de negócio para o Brasil. Afinal de contas, o país é um grande produtor e exportador agrícola e um importante fornecedor mundial de carnes de qualidade. Mesmo com volume elevado, a produção brasileira é livre de importantes problemas sanitários que acometem outros grandes produtores de carne suína e de frango, como a Peste Suína Africana e a Síndrome Reprodutiva e Respiratória dos Suínos.

 

Fonte: Embrapa, adaptado pela equipe de redação do Notícias Q1Vet.com

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