
Curiosidades
Nos últimos dias, o assunto tem sido um só: o novo Coronavírus que acomete os seres humanos e provoca a COVID-19. No entanto, vale ressaltar que ele não é o mesmo vírus que atinge cães e gatos.
O gênero que infecta esses pets é o Alphacoronavírus. Já o que adoece o homem é o Betacoronavírus, uma patologia com características e particularidades completamente diferentes.
“Não existem evidências de que COVID-19 infecte os cães, gatos, bovinos ou qualquer outro tipo de mamífero doméstico”, afirma a médica-veterinária Mitika Hagiwara, conselheira do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (também conhecido como CRMV-SP).
A informação também é reforçada pelo médico-veterinário Eduardo Pacheco, da Comissão Técnica de Clínicos de Pequenos Animais (CTCPA) do CRMV-SP. “As pessoas não passarão o vírus para os seus animais e nem o contrário poderá acontecer.” Por isso, se o seu cão ou gato aparecer espirrando, por exemplo, pode ser apenas uma reação à alergias ou outra doença sem qualquer ligação com o novo vírus.
Os animais de estimação, quando infectados por um vírus da família Coronaviridae, apresentam outros sintomas. Os cães, por exemplo, desenvolvem a alfacoronavirose canina, que atinge a parte gastrointestinal do animal. “Essa doença não tem nada a ver com o sistema respiratório”, afirma Pacheco.
Explicando, ainda, que, no caso dos gatos, o Alphacoronavirus provoca a Peritonite Infecciosa Felina (PIF). “É um processo inflamatório, que debilita o sistema imunológico.”
A questão da vacinação contra Coronavírus também tem sido um foco de falsas informações.
Publicações nas redes sociais dão conta de que vacinas para cães ou para bovinos protegem animais e humanos contra essa doença. Trata-se de uma inverdade, que coloca em risco a população.
“As vacinas para a proteção de cães ou dos bezerros bovinos são comercializadas buscando a proteção desses animais contra a infecção relacionada às espécies e não são licenciadas para uso humano e para proteção contra infecções respiratórias”, explica a médica-veterinária Mitika. Ela frisa ainda que os vírus entéricos e respiratórios são variantes diferentes do coronavírus e não há relação antigênica entre eles.
Nas últimas semanas, houveram relatos de diversos animais de estimação sendo abandonados, principalmente na cidade de Wuhan, na China. Isso também se deve à falta de informação popular.
A médica-veterinária Rosângela Ribeiro Gebara, da Comissão Técnica de Bem-estar Animal (CTBEA) do CRMV-SP, por exemplo, enfatiza que o abandono de animais de estimação é um crime previsto na Lei Federal nº 9.605/98, conhecida como a “Lei de Crimes Ambientais”.
Os tutores devem, portanto, cuidar bem de seus pets, especialmente nesse momento de crise mundial. “Não há necessidade de isolá-los e ou deixá-los presos. Continuem dando carinho, amor e afeto”, orienta.
Ainda segundo Rosângela, a questão dos passeios com os cães é um ponto delicado, mas que pode ser contornado. A sugestão da veterinário, nesse sentido, é tentar evitar ao máximo uma queda abrupta na rotina do animal, criando assim atividades que podem ser feitas dentro de casa ou apartamento.
A profissional argumenta também que, diferentemente do gato, o cachorro gosta muito de rotina. “E sem passeios, os cães também enfrentam quadros de ansiedade. Então, os tutores devem driblar isso criando atividades, que durem entre 30 minutos e uma hora, para que o animal possa assim gastar a energia”. Apesar de não substituir os passeios, essa uma forma de não deixar a vida do pet tão tediosa.
Entretanto, se houver passeio, Pacheco faz um alerta:
“Se um cão ou gato tiver contato físico com uma superfície contaminada pelo novo Coronavírus, eles não serão infectados, mas podem sim carregá-lo para dentro de casa por meio das patas ou do pelo, assim como os humanos carregam o vírus em suas mãos e objetos.”
Por isso, ao voltar da rua, é preciso fazer a higienização completa do bichinho. “Lave as patas deles com água e sabão neutro, da mesma forma que lavamos as mãos, para matar o vírus”, orienta o médico-veterinário. Outra solução é passar álcool em gel com pano nas patas e pelos dos bichinhos.
O momento é de reclusão para evitar a disseminação do novo Coronavírus.
Portanto, as consultas de pets ao médico-veterinário neste período devem ocorrer apenas em casos de urgência e emergência. Vale ressaltar também que, apesar das clínicas e dos hospitais veterinários oferecem todas as medidas de segurança e controle, conforme o recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), estes estabelecimentos também precisa reduzir a circulação de pessoas em seus espaços.
“Não podemos parar de atuar. Se acontecer uma emergência com um pet, como uma fratura ou necessidade de uma intervenção cirúrgica, temos a responsabilidade de estar de prontidão”, analisa Pacheco. Mas assim como acontece em outros setores, é preciso tomar cuidado e estabelecer prioridades.
FONTE: Notícias CRMV/SP (Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo)