
Dicas e Carreira
Artigo
Por Francis Flosi- Médico veterinário e diretor da Faculdade de Medicina Veterinário Qualittas
Os números mais recentes do mercado de trabalho no agronegócio confirmam o que muitos profissionais da área já percebiam na prática: os agrosserviços vêm ganhando cada vez mais protagonismo na geração de empregos e na movimentação da cadeia produtiva. Segundo análise do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), o segundo trimestre de 2024 registrou um novo recorde no número de pessoas ocupadas no setor: 28,6 milhões, o que representa 26,5% de todas as ocupações do país.
O destaque dessa expansão está justamente nos agrosserviços, que cresceram 8,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, o equivalente a aproximadamente 815 mil pessoas a mais atuando nesse elo da cadeia. Já as agroindústrias registraram crescimento de 4%, com um acréscimo de cerca de 179 mil ocupados.
Esse aumento expressivo nos serviços vinculados ao agro está diretamente ligado à complexidade das operações industriais, que demandam uma gama cada vez maior de serviços especializados – da logística ao suporte técnico, passando por tecnologia da informação, consultorias e assistência veterinária. Trata-se de um movimento que reforça a sofisticação do agronegócio brasileiro, cada vez mais técnico, dinâmico e interconectado.
Outro dado relevante revelado pela pesquisa diz respeito ao perfil da força de trabalho: houve crescimento no número de empregados com e sem carteira assinada, na participação feminina e, especialmente, no nível de escolaridade. Esse último ponto é fundamental. A presença crescente de profissionais com ensino médio e superior, completo ou não, evidencia a transformação do setor, que já não depende apenas da força bruta, mas exige conhecimento técnico, qualificação e atualização constante.
Estamos diante de um agronegócio mais profissionalizado e mais aberto à diversidade. O aumento da participação de mulheres e a substituição de trabalhadores informais por vínculos formais indicam um setor mais estruturado, sustentável e preparado para os desafios da próxima década.
Como diretor de uma instituição de ensino que forma profissionais para atuar nesse universo, vejo com otimismo essas mudanças. Elas confirmam a necessidade de investir continuamente em educação, formação técnica e desenvolvimento humano. A profissionalização do agro é um caminho sem volta – e uma grande oportunidade para quem deseja construir uma carreira sólida no setor que mais movimenta a economia brasileira.
Fonte: Cepea/CNA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil