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Zoonose apresenta alta taxa de mortalidade e preocupa saúde pública

Com sintomas facilmente confundidos com outras doenças, risco de erro de diagnóstico é grande

Postado em junho 16, 2023 as 5:05 pm por Daniela Nucci

Quatro mortes em decorrência da febre maculosa, nos últimos dias, em Campinas, no interior de São Paulo, alertam o País para um surto localizado da doença causada por uma bactéria do gênero Rickettsia, transmitida pela picada do carrapato-estrela.

Os últimos dados do Ministério da Saúde, registram 53 casos de febre maculosa confirmados este ano no Brasil, com oito mortes registradas. Todos os óbitos ocorreram na Região Sudeste — seis em São Paulo, um em Minas Gerais e um no Rio de Janeiro. Quanto ao número de casos, a maior concentração de ocorrências é verificada nas regiões Sudeste (30) e Sul (17).

Diagnóstico 

Diante da letalidade da febre maculosa e dos recentes casos no País, principalmente em São Paulo, é essencial um diagnóstico rápido e preciso.

Segundo o médico-veterinário e diretor da Faculdade Qualittas, Francis Flosi, além da temperatura, o carrapato-estrela muda de hospedeiro algumas vezes durante o ciclo de vida e sempre estão presentes onde tem animais, principalmente os mamíferos.

As capivaras não são as únicas a receber este hospedeiro. Existem parasitose dos carrapatos em cavalos, em bovinos, bois e também cachorro e gato, gambá, outros roedores, inclusive o ser humano.

Outra possibilidade de transmissão da bactéria é quando os carrapatos aderidos à pele dos hospedeiros são retirados com as mãos desprotegidas.

“Esmagá-los com as unhas, ação que pode expor o homem à hemolinfa dos carrapatos infectados, também  provoca a transmissão do patógeno”, explica Flosi.

Vale ressaltar que os sintomas são subjetivos e facilmente confundidos com uma gripe, ou até mesmo com a Covid-19, que são febre, mialgia (dores de cabeça e no corpo), e manchas avermelhadas, iniciando nas mãos e solas dos pés. Por isso, deve-se informar precocemente

Ciclo de transmissão 

O período de Incubação é de 2 a 14 dias, com média de 07 dias após a picada. O tempo médio para a inoculação da bactéria gira em torno de 4 a 6 horas de parasitismo, mas dependerá de cada espécie de carrapato.

Entre as complicações, edemas, anasarca, insuficiência renal, manifestações neurológicas, hemorragias, miocardite, insuficiência respiratória, hipotensão e choque.

Fatores de risco 

Os principais fatores de risco que aumentam as chances de se contrair a infecção por febre maculosa são viver ou frequentar áreas onde a doença é comum, como locais rurais ou arborizados. Segundo Flosi, a infecção na forma definitiva é preciso que o carrapato fique preso à pele do ser humano por pelo menos quatro horas.

Vale ressaltar que o carrapato que tenha a bactéria fica com ela durante toda a vida, podendo passar a doença para outros indivíduos”, diz o professor.

Prevenção

Uma forma de prevenir a doença é, assim que entrar em contato com animais ou áreas que podem ter carrapatos, checar o corpo por presença desses insetos e tomar bastante cuidado ao removê-los da pele e procurar um serviço médico urgente relatando o acontecido.

“É importante o uso de repelentes e roupas mais fechadas e em tons mais claros em passeios em áreas rurais para que possa ver o carrapato na roupa, além de evitar chinelos ou andar descalço, já que o parasita sobe nas pernas”, explica o professor Paulo Abílio, pesquisador também da FIOCRUZ.

Saúde Única 

De acordo com Abílio, a capivara é tão vitima quanto pessoas e animais, e ela se desloca em áreas grandes como centro e parques, aumentando esse contato em áreas mais urbanas, como ocorre no Rio de Janeiro e em São Paulo, aumentando o risco de pessoas se infectarem e desenvolverem a doença.

“Esse parasita faz parte da doença de zoonose devido a condição dos óbitos e por isso a importância deste trabalho em conjunto na área médica, tanto de humanos quanto animais”, diz Abílio.

Outra maneira de amenizar a situação é esterilizar as capivaras- principais hospedeiras por viverem em bando e estarem próximas do mato onde esses parasitas ficam-para que elas não tenham superpopulação e, assim, menos hospedeiros.

É importante também a vigilância epidemiológica nos animais pet que estão próximos das pessoas, cachorro, gato, boi e cavalo.

“Todo cuidado é pouco! Mais valer uma grama de prevenção, do que um quilo de tratamento”, finaliza Flosi. 

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