Saúde

Mastite “invisível” traz riscos e prejuízos para rebanhos leiteiros

Inflamação na glândula mamária prejudica a qualidade e a quantidade do leite produzido

Postado em agosto 17, 2020 as 8:00 am por Minha Cliente
mastite

A mastite é uma inflamação na glândula mamária do animal, que prejudica a qualidade e a quantidade de leite produzido. O produtor reconhece visualmente a doença em sua forma clínica ao observar inchaço e vermelhidão nas glândulas mamárias ou alterações na coloração do leite.

No entanto, há um tipo de mastite que não pode ser diagnosticada de forma visual: é a subclínica. Caso em que o animal não apresenta alterações no leite nem na glândula mamária.

Segundo o pesquisador Luiz Francisco Zafalon, da Embrapa, quando diagnosticada a mastite clínica, o rebanho tem uma grande proporção de animais com a mastite “invisível”.

O diagnóstico, segundo ele, pode ser feito com vários tipos de testes disponíveis aos produtores. Um deles, conhecido como CMT (California Mastitis Test), utiliza um reagente que, em contato com o leite de uma glândula mamária com mastite subclínica, produz uma mistura viscosa a partir do leite recém-ordenhado, devido ao aumento de células somáticas do leite.

Outro exame possível é o de condutividade elétrica, que aponta aumento de cloretos e de sódio no leite. De acordo com Zafalon, esses testes podem apresentar resultados alterados se forem feitos na fase final de lactação ou se as amostras incluírem o colostro (leite fornecido naturalmente pelos mamíferos aos seus filhotes nos primeiros dias da amamentação).

Homeopatia

A Embrapa aplica uma metodologia para a investigação de bactérias do gênero Staphylococcus, produtoras de biofilmes isolados no leite de vacas. Biofilmes podem ser entendidos como uma capa protetora que impede o acesso de substâncias que poderiam eliminar essas bactérias. Seria uma espécie de autoproteção.

A higienização e o manejo adequados antes, durante e após a ordenha são fundamentais para que bactérias não permaneçam no interior das glândulas mamárias.

Pesquisa

A metodologia foi utilizada durante um projeto de pesquisa relacionado com o tratamento da mastite com homeopatia. Os princípios ativos recomendados por veterinários homeopatas foram administrados na alimentação animal e a presença dos micro-organismos foi notada nos animais tratados e não tratados, que serviram como um grupo “controle”, que não recebeu tratamento.

A pesquisa não testou outras formas de administração da homeopatia, como sprays no nariz ou na vulva nas vacas.

“O fato de esse tratamento homeopático não ter evitado a permanência de bactérias patogênicas no interior da glândula mamária é um indicador de que devemos ir atrás de outras formas de controlar a doença”, afirmou o pesquisador.

A mastite subclínica pode evoluir para quadros clínicos da doença, quando o ideal é fazer o diagnóstico microbiológico para conhecer os micro-organismos que estão causando a mastite, e orientar sobre os medicamentos a serem utilizados. “Mas em geral esse retorno dos laboratórios não é rápido e o produtor tem pressa”, disse Zafalon.

Outro problema é que os princípios ativos antimicrobianos podem atuar bem sobre as bactérias dentro do laboratório, mas no campo nem todos vão funcionar. Afinal, uma série de fatores pode interferir no sucesso do tratamento.

Por isso, a melhor forma de controlar a doença é evitar uma grande quantidade de casos subclínicos no rebanho.

Sendo assim, deve-se evitar ao máximo a transmissão dos micro-organismos durante a ordenha. Por fim, é importante lembrar que a mastite subclínica é responsável por aproximadamente 70% das perdas relacionadas a essa doença e que a vaca infectada pode deixar de produzir até três litros de leite por dia.

Fonte: Embrapa. Adaptado pela equipe de Redação do Portal Q1Vet.

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